O filme “Uma professora muito
maluquinha”, adaptação do livro do mesmo nome, de Ziraldo, mostra a história de
uma professora (Paola Oliveira) que, recém-formada, passou a lecionar numa
escola primária. Com uma metodologia diferente do tradicional, seu método
agrada aos alunos, mas incomoda pais e, principalmente, as professoras
tradicionalistas da escola.
A trama acontece no início da
década de 40, período da II Guerra Mundial. No Brasil, ocorre o fim da ditadura
de Getúlio Vargas. No contexto educacional, a tendência tradicional deixa sua
influência sobre a prática docente, mas uma nova tendência passa a ser
discutida: a Renovadora não diretiva (Escola nova). Nesta pedagogia, a
manifestação das práticas pedagógicas, bem como o papel da escola e a relação
professor-aluno se contrapõem a tendência tradicional, onde o professor é
autoritário e transmissor do conhecimento e o aluno, um mero receptor.
Embora não faça parte do período
em que a história se desenvolve, Ziraldo transporta para o ambiente educacional
o modelo construtivista. A professora Catarina é uma mediadora do conhecimento
e com suas aulas dinâmicas fazia com que os alunos participassem ativamente do
próprio aprendizado mediante a experimentação, pesquisa, desenvolvimento do
raciocínio, entre outros. Através dessas ações, os alunos construíam o saber a
partir da própria interação com o meio em que vivem, fazendo parte dele, ainda
que fosse de maneira contextualizada.
Catarina não fazia uso da rigidez
nos procedimentos de ensino, não dava importância a avaliação obrigatória e nem
fazia uso de material pedagógico que lhe parecesse improdutivo. Sua preocupação
didática estava em despertar o interesse e prender a atenção dos alunos, para
que assim pudessem assimilar o conteúdo e adquirir o conhecimento.
Através do seu olhar sensível,
consegue superar as dificuldades advindas do meio ao qual a escola está
inserida. Por meio do fazer pedagógico, a professora fazia com que os conteúdos
estivessem conectados à realidade do aluno, ainda que o assunto fosse História
Antiga. Sabia contextualizar com a vida e valorizava as potencialidades de cada
um.
Em oposição a essa prática
pedagógica estava o ensino tradicional das professoras sérias e carrancudas e
da diretora da escola, que seguem regras aprovadas pela Educação. O apego ao
tradicionalismo é tão forte que há um desprezo pela maneira de ensinar da
professora Catarina. As professoras percebiam as mudanças pelo comportamento e
interesse dos alunos, mas a inflexibilidade de suas posturas falava mais alto e
se levantaram contra Catarina, exigindo providências sobre o seu “estranho”
jeito de ensinar, pois consideravam uma subversão. Mas o compromisso que
Catarina tinha com o seu trabalho e seus alunos não deixava tempo para se
importam com isso.
A atuação da “professora
maluquinha” também sofria interferência do Padre Beto, supervisor da escola,
que a repreende por conta da queixa das outras professoras. Todavia, sua
superação vai além dos encalços daqueles que se desagradavam, pois mesmo numa
época em que a tecnologia não estava presente, ela conseguia aproximar sua
prática pedagógica à realidade dos alunos e assim, fugia da acomodação e da
postura conservadora tão defendida por suas colegas de trabalho.
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