Relatório produzido por Leonilto M Cruz - UFRR
5 de outubro de 2012. Às 6 horas e 45 minutos da manhã, cheguei à beira
do Rio Branco no local conhecido como Marina Meu Caso, juntamente com minha
colega de curso Luziane, seu filho e meu amigo José Salazar. Havia uma leve
brisa e o céu estava parcialmente nublado, o que indicava que a viagem seria tranquila
e o sol do verão não castigaria tanto. Após a chegada do professor Eliakin e de
sua amiga norte-americana, que aproveitava a ocasião para conhecer o Forte São
Joaquim, decidimos aguardar alguns minutos e esperar outros colegas que ainda
não haviam chegado. Com a saída programada para 7 horas e em virtude do atraso,
o professor decidiu começar a viagem, mesmo sem todos os alunos. Saímos às 7
horas e 22 minutos com um grupo formado por 7 pessoas e o barqueiro,
responsável e pago para nos levar ao Forte.
A viagem de ida é contra a
correnteza do Rio Branco. Aos poucos a cidade de Boa Vista, capital de Roraima,
se distanciava e podíamos ver mais atrás em direção ao curso do rio, a Serra
Grande que fica no município do Cantá. Passamos pela boca do Rio Cauamé, lado
direito para quem sobre, às 7 horas e 32 minutos. Pode-se perceber o encontro
das águas deste rio com o Rio Branco, pois as águas do Cauamé são mais limpas,
num tom esverdeado, e as águas do Rio Branco são mais escuras.
Às margens do rio fica a mata
ciliar e algumas espécies nativas estão florescidas. O professor Eliakin
observou que seria um tipo de primavera roraimense, por estarmos no mês de
setembro e algumas árvores florescem nesse período. Ao longo do percurso e
próximo ainda à Boa Vista, redes velhas de pescas estão presas em galhadas às
margens do rio, e uma bem acima do nível do rio, revelando traços da grande
enchente do ano anterior. Grupos de amigos ou famílias com mantimentos e
utensílios de pescam eram vistos ao longo do rio, alguns com redes de dormir armadas,
indicando que passariam o dia inteiro ali. Durante o verão, o rio baixa e longas
praias se formam, fazendo com que o barqueiro conduzisse o transporte, às
vezes, em zigue-zague, para evitar que ficássemos encalhados em algum ponto do
rio. Também se vê grandes barracos às margens, e raízes retorcidas de árvores
que dão o seu jeito para continuar em pé à beira do rio. Uma grande rede de
pesca estava estendida entre as margens do rio e junto a ela, um pescador em
sua canoa.
Às 8 horas, chegamos à entrada
do Rio Água Boa, que fica do lado direito para quem sobe. A viagem segue e
áreas particulares também compõe a paisagem. Uma delas chama a atenção por uma
capela construída às margens do rio e que pode ser vista de longe, indicando a
religiosidade daquele domínio. Às 8 horas e 57 minutos, nos deparamos com o Rio
Tacutu à direita e o Rio Uraricoera, à esquerda. Neste ponto se inicia o Rio
Branco, formado pela junção dos dois rios.
Chegamos ao Forte São Joaquim às
9 horas e 5 minutos. Tivemos que desembarcar na praia e caminhamos uns 300
metros até chegar à margem direita do rio Tacutu, onde fica o Forte. O abandono
do local causa, de certa forma, uma tristeza por ver um importante registro
histórico abandonado, tomado pelo mato e em área particular. Em 1775, deu-se
início a construção deste Forte, que foi concluído em 1788. Marca o início da ocupação
das terras em Roraima pelos portugueses.
O professor chamou a atenção para as construções recentes, que não deviam
fazer parte do cenário, como o portal com o nome do Forte e uma construção para
a acomodação do canhão, construída com pedras e cimento. Mesmo tomado pelo
mato, o local pode ser explorando e ainda há formações de pedras que compõem o
muro de proteção e a entrada do Forte. O local é bastante castigado pela ação
do homem. Às 9 horas e 43 minutos, saímos do Forte são Joaquim e seguimos
viagem em direção a Fazenda São Marcos, hoje área de reserva indígena São
Marcos.
A Fazenda São Marcos foi construída em 1799 pelo comandante do Forte São
Joaquim, capitão Nicolau de Sá Sarmento. Às 10 horas, chegamos à Fazenda. O
local é habitado por famílias indígenas. Bastante castigado pelo tempo e pelo
abandono, uma capela, um casarão e uma antiga caixa d’água compõem a riqueza do
local. Pedras utilizadas na construção
do Forte São Joaquim foram retiradas para a construção do alicerce do casarão.
Paramos para um farto lanche feito em cima de uma canoa emborcada,
debaixo de uma grande mangueira e, às 10 horas e 41 minutos, saímos da Fazenda
para fazer o percurso de volta, desta vez mais rápido porque é descendo o rio.
Às 11 horas e 40 minutos, entramos uns 400 metros na boca do Rio Água Boa para
um banho em sua água limpa e transparente. 10 minutos depois, seguimos viagem
de volta à Boa Vista e chegamos ao Marina Meu Caso, local de embarque, às 12
horas e 11 minutos.
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Imagem do percurso realizado |
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Formação do Rio Branco |
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Vista
aérea da Fazenda São Marcos |
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Marina Meu Caso - local de embarque |
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Marina Meu Caso - Saída |
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Vista da Serra Grande ao fundo |
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Primavera Roraimense |
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Pescador - rede estendida ao longo do rio |
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Aspecto de grande parte das margens do Rio Branco |
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Entrada do Rio Água Boa à esquerda |
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Pessoas pescando nas margens do Rio Branco |
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Capela em propriedade particular |
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Construção recente - não paz parte do Forte São Joaquim |
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Muro de proteção construído com pedras |
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Área frontal do Forte |
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Área Frontal do Forte |
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Construção recente - não faz parte do Forte |
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Fazenda São Marcos - Capela |
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FSM - Casarão |
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FSM - Entrada do Casarão |
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FSM - área dos fundos do casarão |
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FSM - frente do casarão |
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FSM - Caixa d'água |
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Professor Eliakin Rufino e alunos da disciplina Literatura em Roraima - UFRR |
Luiz, ninguém toma conta do local e as visitas não precisam de autorização. Tanto o Forte quanto a Fazenda são locais abandonados, revelando o descaso do Governo com o patrimônio histórico. No Marina Meu Caso há quem leve até o local, é só contratar.
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