sábado, 28 de fevereiro de 2009

Quanto vale a audiência?


Uma situação que vem chamando a minha atenção ultimamente é o papel que a comunicação social exerce na televisão local. Somos bombardeados de jornalismo policial que se autodenomina de informação ou prestação de serviço à sociedade quando na verdade não é o que parece.

É lamentável em pleno meio-dia, horário em que a família se reúne, ter como prato do dia na televisão o bombardeio espalhafatoso dos homicídios, assaltos, drogas, violência em geral, enfim, a criminalidade mediada. Pais e filhos, que quase não tem tempo de compartilhar alguns momentos juntos, fazem de uma hora tão sagrada e tradicional, que é a hora do almoço, um verdadeiro espetáculo sangrento, informação gratuita que planta a cultura do medo e da insegurança. E o pior: o que deveria ser combatido, está se tornando um vício.

Prestação de serviço ou concessão à violência? Aproveitar um horário familiar para propagar os feitos criminosos é realmente compromisso com a sociedade? Que filosofia de jornalismo é essa que prega a não-violência enfatizando a prepotência dos bandidos?

É hora de avaliarmos o impacto que essa cultura imposta pela mídia está causando nas famílias, principalmente nas crianças. Não podemos ter a televisão como uma força instigante do medo, da inseguridade social e desumanização do homem. É preciso implantar uma proposta diferente, que permita ao telespectador mudar de canal sem ver crimes e sangue, movido pela curiosidade mórbida da audiência içada por apresentadores publicamente revestidos do poder da comunicação. Por que não usar esse poder para algo mais conveniente? Nossos filhos agradecem.

Enquanto isso, resta-me desligar a TV na hora do almoço. A sociedade precisa almoçar com mais qualidade, cultura e cidadania.
Leonilton Cruz

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