O GDT – Bullying no Contexto Escolar - foi apresentado pela professora Juliane Oliveira, da Faculdade de Psicologia/UFRR. Ao iniciar o trabalho, após a apresentação dos alunos e a exposição do interesse de cada um sobre o tema, bem como o seu conhecimento prévio, a professora procurou de modo objetivo, levar os participantes à compreensão de que existe uma diversidade de olhares na leitura do fenômeno bullying que, de certo modo, não contribui para a construção de um conhecimento científico sobre este fenômeno, que se distingue de outros comportamentos que envolvem a violência no contexto escolar. A professora observa que, embora não seja um fenômeno novo, é uma problemática recente enquanto objeto de estudo científico nas diferentes áreas do saber, como a lingüística, sociologia, psicologia, entre outros.
Durante a discussão do grupo e sob a orientação da professora, ficou evidente a participação dos meios de comunicação em massa na constituição de um conceito de forma variada e distorcida, que reforça a subjetividade e as opiniões que estão sendo formadas. Para a professora, não são os números de casos que engrossam as estatísticas dos casos de bullying nas escolas e sim, a relevância que a mídia tem dado ao assunto, denominado de alarme publicitário. Por outro lado, a temática em voga tem despertado o interesse em grande parte dos educadores e pais de alunos, mas acredita-se que o mesmo não ocorre com a compreensão do conceito.
Segundo a professora, a divulgação do termo como sinônimo de violência escolar é o mais preocupante, como se o conceito tivesse a capacidade de envolver todo e qualquer tipo de violência praticada no espaço educacional. Durante as discussões, ficou bem compreendido que o bullying distingue-se de outros comportamentos igualmente agressivos pela representação que assume mediante à sua recorrência sistemática, assim como a desigualdade de poder entre os pares envolvidos.
Todavia, ficaram em aberto alguns questionamentos sobre a relevância que atualmente o tema vem gerando: O bullying é realmente o ícone representativo da violência juvenil nas escolas? Os pais devem encaram o bullying como uma ameaça iminente a integridade de seus filhos? Será que a ocorrência do bullying nas escolas é representativa para justificar o alarme publicitário? O que essas reportagens evidenciam e o que elas acabam por encobrir? Para a professora, os fatores em debates recorrentes na publicidade do fenômeno bullying falha por não iluminar uma questão que está sendo deixado à sombra: a judicialização dos conflitos escolares. Isto indica que a escola está perdendo o controle das decisões em educação, os protagonistas estão perdendo o seu espaço para os atores do judiciário na efetivação dos direitos, principalmente os de cunho social e coletivo.
Outra questão que aponta para o insucesso do combate ao bullying, supracitado, é o desconhecimento sobre o tema. Segundo a professora, não é tão simples diferenciar bullying de outros tipos de violência que ocorrem no contexto escolar, o que faz com que alguns igualem os conceitos. Então, como poderia ser os desdobramentos dos julgamentos aplicados pela escola ou nos processos judiciais? O bullying necessitaria de uma lei específica ou pode ser normatizado pelo ECA, assim como os outros tipos de violência cometidos contra menores? Ademais, de que modo a entrada da Justiça no ambiente escolar pode favorecer o combate a violência que caracteriza o bullying, sem desconsiderar também a violência na escola, a violência à escola e a violência da escola?
A professora destacou que todas essas questões são importantes para a concepção e implementação de estratégias de prevenção e intervenção, mas que ainda precisam ser melhor estudadas por meio de um aprofundamento teórico e investigações científicas, considerando a complexidade, polissemia e a controvérsia da violência ainda existente.
Ao final dos trabalhos, a discussão tomou um caminho para a desconstrução de algumas idéias apresentadas pelos participantes no início, revelado por alguns. Os componentes significativos do bullying, bem como seus fatores recorrentes e a subjetividade com que o assunto é tratado foram os destaques nas palavras finais dos participantes, que expressaram satisfação em fazer parte do GDT em pauta.
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